A Moderna é uma empresa farmacêutica que ficou famosa por desenvolver uma das vacinas mais eficazes contra a Covid-19, usando a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). Mas essa não é a única aplicação dessa tecnologia, que pode revolucionar o tratamento de diversas doenças, incluindo o câncer e as doenças cardíacas.
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O que é o mRNA e como ele funciona?
O mRNA é uma molécula que contém as instruções para as células produzirem proteínas específicas. Essas proteínas podem ter diferentes funções no organismo, como ativar o sistema imunológico, regular o metabolismo ou reparar danos genéticos.
As vacinas de mRNA funcionam ao introduzir no corpo um mRNA sintético que codifica uma proteína do agente causador da doença, como o coronavírus. Assim, as células passam a produzir essa proteína e o sistema imunológico aprende a reconhecê-la e combatê-la.
As vantagens das vacinas de mRNA são que elas são mais rápidas e baratas de produzir do que as vacinas tradicionais, que usam vírus inativados ou atenuados. Além disso, elas podem ser adaptadas facilmente para combater novas variantes ou cepas do vírus.
Quais são os projetos da Moderna para outras doenças?
A Moderna está confiante de que poderá usar a tecnologia de mRNA para desenvolver vacinas e terapias para diversas doenças, como o câncer, as doenças cardiovasculares, as doenças autoimunes e as doenças raras.
Segundo o diretor médico da empresa, Paul Burton, a Moderna espera oferecer essas soluções até 2030 . Ele afirmou que a pandemia acelerou o progresso da pesquisa em mRNA em cerca de 15 anos.
Um dos projetos mais promissores da Moderna é uma vacina personalizada contra o câncer. Essa vacina seria feita a partir de uma biópsia do tumor do paciente, que seria sequenciada para identificar as mutações genéticas que o caracterizam. Em seguida, um algoritmo escolheria as mutações mais adequadas para estimular o sistema imunológico a atacar o câncer. Por fim, um mRNA sintético seria criado com as instruções para produzir essas mutações na forma de antígenos.
A vantagem dessa vacina é que ela seria específica para cada paciente e cada tipo de câncer, aumentando as chances de sucesso. A Moderna já está testando essa vacina em ensaios clínicos com pacientes com melanoma, câncer de pulmão e câncer de cabeça e pescoço.
Outro projeto da Moderna é uma vacina combinada contra várias infecções respiratórias, como a Covid-19, a gripe e o vírus sincicial respiratório (RSV). Essa vacina seria aplicada em uma única dose e protegeria as pessoas vulneráveis contra esses vírus.
A Moderna também está trabalhando em terapias baseadas em mRNA para doenças raras que não têm tratamento atualmente. Por exemplo, a empresa está desenvolvendo uma terapia para a síndrome de Crigler-Najjar, uma doença genética que afeta o metabolismo da bilirrubina e pode causar danos cerebrais. A terapia consiste em um mRNA que codifica uma enzima que ajuda a eliminar a bilirrubina do corpo.
Quais são os desafios e os riscos das vacinas de mRNA?
As vacinas de mRNA são uma nova tecnologia que utiliza o material genético do vírus para estimular a resposta imunológica do organismo. Ao contrário das vacinas tradicionais, que introduzem o vírus atenuado ou inativado no corpo, as vacinas de mRNA ensinam as células a produzir uma proteína específica do vírus, que é reconhecida pelo sistema imune como estranha e desencadeia a produção de anticorpos.
Essa abordagem tem algumas vantagens, como a rapidez na produção e na adaptação das vacinas, a possibilidade de induzir uma resposta imunológica mais forte e duradoura e a redução do risco de reações adversas graves. Além disso, as vacinas de mRNA podem ser usadas para prevenir ou tratar outras doenças infecciosas ou crônicas, como o câncer.
Apesar dos avanços e das expectativas da Moderna, uma das empresas que desenvolveu uma vacina de mRNA contra a covid-19, as vacinas e as terapias de mRNA ainda enfrentam alguns desafios e riscos.
Um dos desafios é garantir a estabilidade e a segurança do mRNA sintético, que é uma molécula frágil e sensível à temperatura. Para evitar que o mRNA seja degradado pelas enzimas do corpo ou pelo calor, ele precisa ser encapsulado em nanopartículas lipídicas, que são pequenas esferas de gordura que protegem e transportam o mRNA até as células-alvo. No entanto, essas nanopartículas podem causar reações inflamatórias ou alérgicas em algumas pessoas, além de terem um custo elevado e uma complexidade na fabricação e no armazenamento.
Outro desafio é garantir a eficácia e a segurança das vacinas de mRNA a longo prazo. Como se trata de uma tecnologia nova e ainda em fase de testes clínicos, não se sabe ao certo quais são os possíveis efeitos colaterais ou as consequências imunológicas das vacinas de mRNA. Por exemplo, não se sabe se o mRNA pode integrar-se ao DNA das células hospedeiras, causando mutações ou alterações genéticas indesejadas. Também não se sabe se o mRNA pode interferir na expressão de outros genes ou na regulação epigenética das células. Além disso, não se sabe se as vacinas de mRNA podem induzir uma resposta imunológica excessiva ou inadequada, levando a fenômenos como a potencialização dependente de anticorpos (ADE), que é quando os anticorpos facilitam a entrada do vírus nas células em vez de neutralizá-lo.
Portanto, as vacinas de mRNA representam uma esperança na luta contra a pandemia da covid-19 e outras doenças, mas também exigem cautela e monitoramento contínuo dos seus benefícios e riscos.
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