O casal de vulcanólogos Katia e Maurice Krafft dedicou suas vidas a "caçar" vulcões e registrar suas atividades, em busca de compreender melhor os mistérios da natureza. Em 1985, a erupção do Nevado del Ruiz, na Colômbia, deixou mais de 23 mil mortos, uma das maiores tragédias causadas por vulcões da história.
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Casal recolhia amostras de material vulcânico para pesquisas
Na época, especialistas em vulcões tentaram alertar as autoridades sobre os riscos iminentes da erupção e da necessidade de evacuar cidades, mas não foram ouvidos. Katia e Maurice, que já haviam ganhado fama no mundo por sua paixão pelos vulcões, fizeram coro ao aviso. Porém, não foram suficientes para salvar as vidas daqueles que morreram soterrados pela avalanche de lama e detritos vulcânicos.
"Ficamos com vergonha de nos considerarmos vulcanólogos", disse Katia em entrevistas na época.
"Meu sonho é que vulcões deixem de matar", afirmou Maurice.
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Vida de Maurice e Katia Krafft é contada em documentário que concorre ao Oscar
Abalado pela tragédia, o casal decidiu que precisava fazer mais do que já faziam. Eles viajaram ao redor do mundo para registrar de perto atividades vulcânicas ameaçadoras, para assim demonstrar o poder destrutivo dos vulcões e convencer as autoridades sobre os riscos.
"Quando você vê uma erupção, não consegue mais viver sem, porque é tão grandiosa, tão forte, que temos um sentimento de insignificância", explicava Katia. Dois anos depois, se casaram e escolheram não ter filhos.
Katia e Maurice Krafft eram um casal de cineastas especializados em vulcões. Eles filmaram muitas erupções vulcânicas ao redor do mundo, e também levavam amostras de material vulcânico para serem estudadas em laboratórios geofísicos. Eles foram pioneiros na área, e seus filmes e estudos ajudaram os cientistas a entender melhor o comportamento dos vulcões.
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Katia e Maurice tinham uma paixão pelo assunto que os levou a se aproximar cada vez mais das erupções, e eles acabaram mudando seu foco para vulcões mais explosivos e perigosos. Eles até criaram duas classificações de vulcões - os "vermelhos" e os "cinzas" - para determinar quais eram mais seguros para se aproximar.
Infelizmente, essa paixão acabou sendo fatal. Em 1991, durante uma erupção do Monte Unzen, no Japão, Katia e Maurice foram surpreendidos por uma nuvem de gases quentes (fluxo piroclástico) e morreram instantaneamente. Eles sabiam dos riscos, mas estavam dispostos a correr o risco para seguir sua paixão.
Nas imagens mostradas no documentário, há a menção a um texto em que Maurice escreveu que preferia uma "vida intensa e curta que longa e monótona", justificando sua caça aos vulcões. E Katia, em certo ponto, disse: "Se ele morrer, prefiro ir com ele".
Apesar da tragédia, o legado dos Kraffts continua vivo. Seus filmes e estudos ajudaram os cientistas a entender melhor os vulcões, e sua paixão e coragem inspiraram muitas pessoas a aprender sobre essas maravilhas naturais, mesmo que com cautela. Oscar: a história do casal que morreu 'caçando' vulcões e virou filme indicado ao prêmio - BBC News Brasil
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