Você sabia que existem milhares de vulcões submarinos espalhados pelo fundo dos oceanos e mares do nosso planeta? Essas estruturas geológicas são responsáveis por cerca de 80% da formação da crosta terrestre e por grande parte da atividade vulcânica global. Neste post, vamos conhecer um pouco mais sobre esses vulcões escondidos pelas águas e como eles são estudados pelos cientistas.
O que são vulcões submarinos?
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Vulcões submarinos são erupções vulcânicas que ocorrem no fundo dos oceanos e mares, onde há fissuras na crosta terrestre que permitem a saída de magma. O magma é o material rochoso derretido que se encontra no interior da Terra, sob alta pressão e temperatura. Quando ele chega à superfície, ele se resfria e se solidifica, formando novas rochas.
A maioria dos vulcões submarinos se localiza em zonas de movimento das placas tectônicas, que são grandes blocos que compõem a camada mais externa da Terra. Essas zonas podem ser de expansão, onde as placas se afastam umas das outras, criando novos fundos marinhos; ou de subducção, onde uma placa mergulha sob outra, gerando zonas de convergência e colisão.
Um exemplo de zona de expansão é a dorsal mesoceânica, uma cadeia montanhosa submersa que se estende por quase todos os oceanos do mundo. Nessa região, o magma sobe pelas fissuras e forma novas rochas basálticas, que são escuras e densas. Esse processo é chamado de vulcanismo fissural e é responsável pela maior parte do vulcanismo submarino.
Um exemplo de zona de subducção é o arco vulcânico, uma curva de ilhas ou montanhas formada pela ascensão do magma proveniente da placa que afunda. Nessa região, o magma é mais rico em sílica e gases, o que torna as erupções mais explosivas e viscosas. Esse processo é chamado de vulcanismo central e produz rochas andesíticas ou riolíticas, que são claras e leves.
Como os vulcões submarinos são estudados?
Os vulcões submarinos são estruturas geológicas que entram em erupção no fundo do mar, liberando lava, cinzas e gases. Eles podem ter origens diferentes, como zonas de subducção, dorsais oceânicas ou pontos quentes. Os vulcões submarinos são importantes para entender a dinâmica da Terra e o funcionamento dos ecossistemas marinhos.
No entanto, os vulcões submarinos são difíceis de serem observados diretamente, pois estão em locais remotos e profundos. Por isso, os cientistas usam diferentes métodos e tecnologias para estudá-los indiretamente. Alguns desses métodos são:
- Sismologia: mede as ondas sísmicas geradas pelas erupções e movimentos das placas. Essas ondas podem ser captadas por sismógrafos instalados em navios ou em estações terrestres próximas à costa. A sismologia permite determinar a localização, a frequência e a intensidade das erupções vulcânicas submarinas.
- Batimetria: mede a profundidade do fundo do mar por meio de ondas sonoras emitidas por equipamentos especiais. Essas ondas são refletidas pelo relevo submarino e captadas por sensores que calculam a distância percorrida. Assim, é possível mapear a forma e a altura dos vulcões submarinos, bem como identificar novas formações ou alterações no relevo.
- Geofísica: mede as propriedades físicas do fundo do mar, como temperatura, magnetismo, gravidade e eletricidade. Essas propriedades podem variar conforme a composição e a atividade dos vulcões submarinos. Por exemplo, a temperatura pode aumentar nas proximidades de fontes hidrotermais, que são jatos de água quente e rica em minerais que saem das chaminés vulcânicas. A geofísica permite avaliar o fluxo de calor e de matéria dos vulcões submarinos para o oceano.
- Geoquímica: analisa a composição química das rochas, dos fluidos e dos gases liberados pelos vulcões submarinos. Essa composição pode revelar informações sobre a origem, a evolução e o impacto do vulcanismo submarino no ambiente marinho. Por exemplo, os gases podem alterar o pH da água, tornando-a mais ácida ou mais alcalina. A geoquímica permite estimar o balanço de carbono e de nutrientes dos vulcões submarinos para a biosfera.
Esses métodos podem ser combinados para obter uma visão mais completa e integrada dos vulcões submarinos. Além disso, os cientistas podem usar veículos submersíveis operados remotamente (ROVs) ou tripulados (submarinos) para coletar amostras ou instalar instrumentos de monitoramento no fundo do mar. Esses veículos também permitem observar diretamente os ecossistemas que se desenvolvem em torno dos vulcões submarinos, que abrigam uma grande diversidade de vida adaptada às condições extremas.
Como os cientistas descobriram os novos vulcões submarinos?
Até pouco tempo atrás, os cientistas estimavam que existiam cerca de 24 mil vulcões submarinos no mundo. Esse número foi obtido em 2011, quando uma equipe de pesquisadores usou dados de satélites de radar para identificar montes submarinos com mais de 1.500 metros de altura.
Mas agora, essa estimativa mudou drasticamente. Em abril de 2023, um novo estudo publicado na revista Earth and Space Science revelou que existem mais de 19 mil novos vulcões submarinos que não tinham sido detectados antes. Esses vulcões são menores, com alturas entre 1.100 e 1.500 metros, mas ainda assim representam uma grande parcela do relevo oceânico.
Para fazer essa descoberta, os cientistas usaram dados de satélites de radar de alta resolução, como o CryoSat-2, da Agência Espacial Europeia, e o SARAL, das agências espaciais indiana e francesa. Esses satélites emitem ondas que refletem na superfície do oceano e medem a distância entre cada ponto e o aparelho.
Essas ondas não conseguem penetrar na água e ver o que está no fundo do mar, mas os cientistas conseguiram detectar a presença dos vulcões submarinos pela influência gravitacional que eles exercem sobre a água. Quando há um monte submarino oculto, a água se acumula acima dele, puxada pela sua gravidade. Isso cria uma pequena elevação na superfície do oceano, que pode ser medida pelos satélites.
Com essa técnica, os cientistas conseguiram mapear mais de 19 mil novos montes submarinos em diferentes regiões do mundo, como no Oceano Atlântico, no Oceano Pacífico e no Oceano Índico.
Por que essa descoberta é importante?
A descoberta dos novos vulcões submarinos é importante por vários motivos. Primeiro, ela melhora o conhecimento sobre o relevo do fundo do oceano, que é muito pouco explorado pela humanidade. Isso pode ajudar a evitar acidentes com submarinos ou navios que navegam nessas áreas. Segundo, ela revela a existência de um hotspot vulcânico no Atlântico Sul, que é uma região onde o manto terrestre está mais quente e provoca o derretimento parcial da crosta. Esse hotspot pode estar relacionado à formação do arquipélago de Fernando de Noronha e à separação dos continentes africano e sul-americano há milhões de anos. Terceiro, ela abre novas possibilidades de estudo sobre a biodiversidade marinha, pois os vulcões submarinos podem abrigar espécies únicas e adaptadas às condições extremas de temperatura e pressão.
Qual é o impacto dessa descoberta para a sociedade?
O impacto dessa descoberta para a sociedade é principalmente científico e educacional. Ela contribui para o avanço do conhecimento sobre a geologia, a geografia e a biologia do oceano Atlântico. Ela também desperta o interesse e a curiosidade do público em geral sobre os mistérios e as maravilhas do fundo do mar. Além disso, ela pode estimular o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos para explorar e preservar os recursos naturais marinhos.
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